segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Boas escolhas para se beberem em 2017...


       

O ano de 2016 foi abençoado para os apreciadores dos vinhos portugueses. Apareceram no mercado vinhos dos mais variados estilos, personalizados, bem feitos e ao alcance de todas as bolsas, uns para consumir já, outros para guardar (mais por terem grande potencial de envelhecimento do que, propriamente, por não estarem prontos para beber). No final do ano, justifica-se uma consulta aos apontamentos para ver o que ainda há para provar nos próximos tempos e recolher o que nos falta para recompor a garrafeira. A lista que se segue contempla, por um lado, vinhos escolhidos em função da qualidade, sem olhar a outros fatores, nomeadamente o preço, e, por outro, vinhos selecionados precisamente pela boa relação entre a qualidade e o preço. Como esta, poderiam fazer-se muitas listas com igual mérito: não falta por onde escolher e o gosto pessoal é o critério determinante. Que esta sirva de exemplo...
             
Barca Velha Douro 2008
Impressiona com a cor rubi profunda; o aroma intenso e complexo com notas de frutos vermelhos e de especiarias; o paladar elegante com admirável volume, taninos poderosos, acidez viva bem integrada, as notas de fruta e de especiarias, a estrutura e o equilíbrio, o final muito longo e harmonioso. Um vinho inebriante. Deve ser decantado e servido à temperatura de 160C a 180C com pratos sofisticados de carne e de caça ou mesmo queijos de qualidade superior.
Casa de Santar
Dão Nobre Tinto 2013

Resulta da seleção das 15 melhores barricas, num total de 100, e resume o Dão no seu melhor. Cor intensa; aroma complexo, ainda fechado, mas a deixar transparecer a sua elegância; paladar cheio, potente, com perfeito equilíbrio de todos os elementos. Pronto para beber, mas promete evoluir bem em garrafa e continuar a dar alegrias nos próximos 10 a 15 anos.
Herdade das Servas Parcela V Tinto 2011
As vinhas velhas que deram as uvas – a parcela V, nome dado à “vinha dos Clérigos” – e o ano excecionalmente propício permitiram a obtenção deste excelente vinho de aroma complexo, sabor intenso e estrutura elegante, diferente da tradição dos vinhos do Alentejo pela ausência da compota e a presença marcante da acidez. Para guardar, se possível. É a nova estrela da companhia. 
Chryseia Douro 2014
Um vinho de classe pura, marcada pela elegância. Nasceu na viragem do século com a primeira colheita lançada em 2000 e mantém o mesmo perfil equilibrado e distinto. Feito de uvas das castas Touriga Nacional e Touriga Franca, tem cor rubi carregada, aroma complexo com notas de frutos maduros, de plantas silvestres e madeira de alta qualidade, paladar inebriante com estrutura, balanço, envolvência. O nome Chryseia, que em grego significa “d’ouro”, fica-lhe bem.
Periquita Superyor 2014
Feito de uvas da casta Castelão (90%) com um pouco da Cabernet Sauvigon (7%) e Tinta Francisca (3%), tem cor vermelha intensa, aroma concentrado com boas notas de frutos pretos e vermelhos e de especiarias, paladar elegante com taninos bem presentes e assinalável frescura. Deve ser servido à temperatura de cerca de 150C, a acompanhar pratos de carne e queijos.
A Centenária
António Madeira Dão 2013

O nome vem de uma parcela de vinha com 120 anos que lhe dá origem. Foram produzidas 572 garrafas destinadas aos apreciadores. O grande caráter da vinha reflete-se no vinho, que tem uma identidade singular, com aroma complexo, sabor profundo, fresco e harmonioso, taninos aveludados e final elegante, longo, acentuadamente mineral. Perdura na memória.
Ex Aequo 2011
A casta Syrah encontrou um território de eleição na Quinta de Monte d’Oiro e tem no Ex Aequo a sua expressão mais feliz. É um vinho excecional, feito com 75% de Syrah e 25% de Touriga Nacional, com estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês, com um recorte primoroso: cor escura e concentrada, aroma complexo a frutos pretos com notas balsâmicas e um elegante toque vegetal, paladar elegante com a fruta, os taninos e a acidez perfeitamente envolvidos, e um final longo, vibrante, glorioso.
Leo d’Honor Tinto 2009
É a expressão máxima da casta Castelão (ou “Periquita”, como continua a ser popularmente designada), que tem aqui o seu território de eleição. Muito concentrado na cor e no aroma, denso e complexo no paladar, com taninos afirmativos, mas finos, e elegante final de boca, acompanha com distinção pratos de carne estufada ou assada e de caça, bem como queijos fortes.
Quinta da Alameda
DOC Dão Tinto Reserva Especial 2012

A Quinta da Alameda tem lugar na história dos grandes vinhos do Dão e este diz porquê: bela cor granada intensa; grande finura aromática com delicadas notas silvestres e alguma tosta harmoniosamente integrada; paladar muito delicado com taninos finos e macios; um final longo, pleno de elegância e de charme. 
Poeira Ímpar Tinto 2009 
Nascido de uvas das castas Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional e Sousão, de uma vinha que o enólogo considera “ímpar” por ser “caprichosa e arrebatadora quando quer”, como sucedeu com esta colheita, o vinho é grandioso, com grande textura e harmonia que resultam do equilíbrio do volume, da fruta, dos taninos, da acidez e dos demais elementos. Ainda muito jovem, promete durar bons anos e alegrar os privilegiados que o conhecerem. 
Pêra-Manca Tinto 2011
É feito de uvas das castas Trincadeira e Aragonez provenientes de talhões selecionados. A vinificação faz--se com os mesmos cuidados: desengace total, ligeiro esmagamento, fermentação em balseiros de carvalho francês, maceração pós-fermentativa prolongada, posterior estágio de 18 meses em tonéis de carvalho francês e em garrafa. Aroma concentrado e muito complexo com notas de frutos pretos, especiarias e alguns fumados; paladar fino, estruturado, vigoroso, com assinalável frescura, taninos maduros e finos, harmonia perfeita; final longo, elegante, de encantar.
Mouchão Tonel Nº 3-4 2011
Só é produzido em anos de qualidade excecional, com uma seleção de uvas da casta Alicante Bouschet, de um terroir específico da Herdade do Mouchão. Tem profundidade, complexidade e personalidade únicas. A cor é grená intensa, o aroma concentrado com notas de frutos pretos e de especiarias, o paladar envolvente com a fruta bem madura, os taninos longos, finos e macios, a acidez bem definida, tudo em harmonia. Grande potencial de envelhecimento.
Quinta da Gaivosa Tinto 2011
É a bandeira da casa Alves de Sousa e o exemplo acabado do que o Douro tem de melhor, graças à diversidade, complexidade e elegância das vinhas velhas da Quinta da Gaivosa. Cor rubi profunda, aroma concentrado com delicadas notas de frutos pretos e de folha de eucalipto, paladar elegante com grande estrutura e harmonia. Tem o perfil requintado de sempre, que o qualifica como grande vinho. 
Torre do Esporão Tinto 2011
De uvas das castas Touriga Franca, Alicante Bouschet e Syrah com fermentação alcoólica em lagares e malolática em barricas, este vinho estagiou durante 
 18 meses em barricas novas, seguidos de mais três em garrafa. Está perfeito. Aroma complexo com notas de frutos pretos, de especiarias e de barrica muito bem integradas; paladar profundo, denso, cremoso, com textura acetinada; final longo e cheio de carácter.
Quinta de la Rosa
Reserva Tinto DOC Douro 2013

Choveu na vindima de 2013, o que “originou vinhos mais frescos e aromáticos que podem ser apreciados mais cedo”, diz o enólogo Jorge Moreira no texto de apresentação deste excelente Reserva, que está irresistível: bela cor violeta; aroma intenso com a combinação virtuosa de fruta madura e floral, característica dos grandes Douro; paladar harmonioso com taninos suaves e madeira muito subtil; final muito longo com a fruta complexa e suave sempre presente. 
Quinta da Boavista
Vinhas Velhas
Vinha do Ujo 2013

Entre as grandes novidades de 2016 contam-se os primeiros vinhos tranquilos da Quinta da Boavista, com um quarteto notável: Touriga Nacional, Reserva, Vinha do Oratório e Vinha do Ujo. Este é excecional, com a sua belíssima cor grená, o aroma complexo com boas notas de frutos pretos e de especiarias, o paladar envolvente com taninos bem envolvidos pela fruta, e o final longo, personalizado, cheio de classe. Pede tempo em garrafa para amadurecer. Decantar antes de servir. 
Luís Pato Vinha Barrosa
Vinha Velha 2013

É um monocasta, só Baga 
– casta autóctone portuguesa perfeitamente adaptada ao clima e aos solos da Bairrada –, de uma vinha tradicional, rodeada por uma floresta de pinheiros e eucaliptos, que lhe conferem uma fragrância característica. A vinha chama-se Barrosa e o vinho é a expressão fiel do seu terroir. Cor aberta e bonita, aroma concentrado e complexo a refletir o que é a uva e o que a rodeia, paladar muito fino e delicado. Por não ser filtrado, pode apresentar depósito e tem de ser decantado. Leva-nos para a mesa. 
Quinta do Crasto
Vinha da Ponte 2012

Feito de uvas de várias castas provenientes de vinhas velhas. Quase opaco, com tons fortes de violeta. Aroma muito complexo com notas de frutos silvestres maduros e delicados apontamentos florais e de especiarias. Paladar envolvente, cheio com taninos redondos e finos. Final elegante e persistente. Um vinho distinto, que é modelo de equilíbrio. 
Quinta da Pellada
Carrocel Late Release 2011

Este vinho é do mesmo lote do Carrocel 2011 anteriormente lançado (de 2011 foram feitos vários engarrafamentos), com a diferença de ter permanecido mais dois anos em barricas, com ganhos de complexidade e harmonia. Ficou “mais pronto”. Tão sedutor no nariz como na boca, é um vinho de classe superior, inebriante.
Campolargo C.C. 2012
Criado com uvas das castas Castelão Nacional e Cabernet Sauvignon, em partes iguais, com estágio em madeira nova até 24 meses, é um vinho sedutor que se impõe pelo grande equilíbrio do conjunto: bela cor rubi escura; aroma elegante em que se combinam notas de frutos pretos, vegetais frescos e especiarias; paladar envolvente e suave com taninos polidos e acidez fina. Muito boa aptidão gastronómica, pedindo pratos com peso equivalente, como a caça.

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